Enterobíase

Enterobíase

Enterobíase
Classificação e recursos externos
CID-10B80
CID-9127.4
DiseasesDB13041
MeSHD017229
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Ovos do verme causador da doença.

Enterobíase/Enterobiose ou Oxiurose/Oxiuríase é o nome da infecção causada por oxiúros (Enterobius vermicularis), vermes nematódeos com menos de 15mm de comprimento e que parasitam o intestino humano. É uma das doenças parasitárias mais comuns do mundo, sendo frequente mesmo em países desenvolvidos, atingindo cerca de 11-21% da população por ano, sendo mais comum em crianças pequenas.1

Causas[editar | editar código-fonte]

O oxiúro é um verme nematoide pequeno e fusiforme. As fêmeas têm cerca de 1 centímetro e cauda longa, enquanto os machos apenas 3 milímetros.
Após deglutição dos ovos, as formas adultas formam-se no intestino. Aí macho e fêmea acasalam, guardando a fêmea os ovos fecundados. O macho morre após a cópula e é expulso junto com as fezes. A fêmea então migra para o cólon distal e para o recto. De noite a fêmea sai do recto passando pelo esfincter e deposita os ovos na mucosa anal e pele perianal, do lado externo do corpo, voltando depois para dentro. Este processo é extremamente irritante porque o contrário damucosa do intestino, mucosa anal e a pele são muito sensíveis, de forma consciente, e os movimentos da fêmea são percebidos pelo hospede como prurido.
As fêmeas põem mais de 10.000 ovos (40 micrómetros) que são lavados ou ficam agarrados à roupa interior, caem e misturam-se no pó, ou podem ainda ser levados pelas fezes. É comum em casos de diarreia ou fezes moles, saírem fêmeas adultas também com as fezes, que são visíveis movendo-se à superfície da água da sanita (português europeu) ou vaso sanitário(português brasileiro).

Transmissão[editar | editar código-fonte]

Por água, alimentos, poeira ou objetos levados a boca contaminados com os vermes. As fêmeas produzem grande quantidade de ovos na região perianal. Os ovos são transparentes, muito resistentes, leves e conseguem resistir até três semanas em ambientes domésticos. Crianças pequenas que coçam a área e colocam os dedos na boca podem se recontaminar mais de uma vez.2
Crianças em idade pré-escolar ou escolar e pessoas que cuidam dessas crianças são os mais afetados. A dificuldade em eliminar os ovos, impedir reinfecções, medicar todos infectados, mesmo os assintomáticos, e impedir a importação de novos vermes torna essa doença extremamente difícil de ser eliminada. Mais de 1 bilhão já foram infectados em todo o mundo, mas como os sintomas são pouco incômodos e o tratamento em massa é caro, não há muito esforço para eliminar essa doença do mundo.3

Progressão[editar | editar código-fonte]

Ciclo de vida do Enterobius vermicularis.
Os vermes adultos vivem no intestino grosso e, após a cópula, o macho é eliminado. As fêmeas fecundadas não fazem oviposição no intestino e têm seu útero abarrotado com aproximadamente 11.000 ovos. Em um determinado momento o parasita se desprende do ceco e é arrastado para a região anal e perianal, onde se fixa e libera grande quantidade de ovos.
E vermicularis é o parasita de maior poder de infecção, pois seus ovos necessitam de apenas seis horas para se tornar infectantes.
Ao serem ingeridos, os ovos sofrem a ação do suco gástrico e duodenal, libertando as larvas que se dirigem ao ceco, onde se fixam e evoluem até o estágio adulto. A duração do ciclo é em média de 30 a 50 dias.

Sinais e Sintomas[editar | editar código-fonte]

O sintoma característico da enterobíase é o prurido anal, que se exacerba no período noturno devido à movimentação do parasita pelo calor do leito, produzindo um quadro de irritabilidade e insônia. Outros sintomas comuns são:
  • Coceira no ânus,
  • Enjoo/náusea,
  • Vômitos,
  • Dores abdominais,
  • Cólicas;
Em alguns casos ocorrem sangue nas fezes. É comum também que não hajam sintomas além da coceira anal.
Nas mulheres, o verme pode migrar da região anal para a genital, ocasionando prurido vulvar, corrimento vaginal, eventualmente infecção do trato urinário, e até excitação sexual. Apesar da sintomatologia, não se verifica eosinofilia periférica e os níveis de IgE em patamares dentro da normalidade, com exceção de estudo de infecção massiva promovendo uma alta elevação de IgE sangüínea e contagem de eosinófilos.
Existem relatos de localização ectópica da patologia levando a quadros de apendicites, salpingites, granulomas peritoneais e perianais, doença inflamatória pélvica.

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

O método de escolha utilizado para o diagnóstico da enterobíase difere em relação às outras verminoses em geral. As técnicas habituais de demonstração de ovos de helmintos não apresentam positividade superior a 5% dos casos, uma vez que as fêmeas não fazem oviposição no intestino.
Pode-se usar uma fita de celofane adesiva e transparente, ou fita gomada, para detectar ovos na região anal. A outra técnica não habitual descrita na literatura é chamada de vaselina-parafina (VASPAR). Adota-se como padrão da colheita do material pela manhã, antes de o paciente defecar ou tomar um banho. Caso não seja possível tal procedimento, pode-se optar pela coleta após o paciente ter se deitado. Este material é então analisado em microscópio para confirmar a presença do parasita.4
Com estas técnicas, aumenta-se sensivelmente a positividade do achado dos ovos de E. vermicularis e, se realizado em dias consecutivos, com no mínimo três coletas, segundo consenso de expertos da Federação Latino-Americana de Parasitologia (FLAP).

Tratamento[editar | editar código-fonte]

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Advertência: A Wikipédia não é consultório médico nem farmácia.
Se necessita de ajuda, consulte um profissional de saúde.
As informações aqui contidas não têm caráter de aconselhamento.
Medicação em massa da população pode reduzir em 20 vezes o número de casos nas áreas mais afetadas.5
O tratamento de primeira escolha é o pamoato de pirantel na dose de 10 mg/kg em dose única, não ultrapassando 1g, por via oral, preferencialmente em jejum. Apresenta uma eficácia em torno de 80 a 100% de cura, com poucos efeitos adversos, podem ocorrer efeitos colaterais como: dor de cabeça, tonturas e distúrbios gastrointestinais leves. Sugere-se na maioria dos casos a repetição do tratamento, para prevenir a resistência ao medicamento e diminuir as chances de contaminação.6
Como terapia alternativa à participação dos benzimidazólicos, mebendazol e albendazol em dose única e repetição em 2 semanas. O mebendazol é administrado por via oral, 100 mg, independente da idade do paciente, apresentando eficácia de 90 a 100% de cura, com raros efeitos colaterais. O albendazol é receitado na dose de 400 mg, também independente da idade, e proporcionando taxa de cura também perto dos 100%. Náuseas, vômitos, diarréia, secura na boca e prurido cutâneo podem surgir após a ingestão, porém é raro o seu acometimento.

Prevenção[editar | editar código-fonte]

A higiene permite reduzir a probabilidade de contaminação, assim como a limpeza frequente dos quartos das crianças e sobretudo em zonas em que se acumula o pó como debaixo da mobilia e ao redor de portas. É preferivel limpar com pano molhado de modo a não levantar pó que pode ser inalado ao varrer. As roupas das crianças devem ser trocadas frequentemente, e as suas unhas cortadas de modo a não reter ovos ao coçar.
Outro grande cuidado deve ser o banho diário e o lavar as mãos antes de qualquer refeição para evitar a reinfecção. Todos os materiais infectados ou em contato com o corpo do doente (pijamas, roupa de cama, roupas íntimas) devem ser lavados com água morna (superior a 55 graus Celsius, por alguns segundos, é suficiente) e sabão diariamente. Água sanitária (lixívia, em Portugal) diluída em água (à razão de 1 parte para 3 de água) também serve para desinfectar brinquedos e roupas.

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